Inclusão de mulheres na liderança de grandes empresas perde força

O Estado de S.Paulo.
15/07/24
LUCIANA DYNIEWICZ
REGIÃO
Sudeste
LOCALIDADE
Brasil - São Paulo
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“As pessoas têm de ficar indignadas quando fazem o teste do pescoço e não encontram pessoas diferentes sentadas a seu lado para conversar”, diz Vânia Neves, membro do conselho de administração do Carrefour e diretora global de soluções de tecnologia da Vale.
Vânia nasceu no subúrbio do Rio, numa casa em que a mãe trabalhou como empregada doméstica e secretária e o pai foi mecânico e funcionário público. Vânia estudou Matemática e começou a carreira como trainee na White Martins.
Passou pela farmacêutica GSK antes de chegar à Vale.
Aos 59 anos, ela afirma que, como mulher e negra, a “solidão corporativa” esteve quase sempre presente em sua trajetória profissional. “Procurei me blindar em relação a isso. Quando era diretora júnior, as pessoas eram ainda mais ríspidas comigo.
Eu precisava ser assertiva.
Mas vi que não era pessoal, e também que não iria me masculinizar.
Hoje, trabalho em ambientes em que tenho respeito.” Vânia passou a integrar o conselho do Carrefour em junho de 2022, um período relativamente favorável à ascensão feminina no mundo corporativo brasileiro.
Entre maio daquele ano e maio de 2023, as grandes empresas do País expandiram o número de mulheres na alta liderança de modo significativo: a presença feminina cresceu 14,5%, nas diretorias, e 22% nos conselhos de administração das companhias que integram o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira – isto é, as 82 organizações que movimentam o maior volume de recursos no mercado acionário.
Hoje, no entanto, o cenário já não é mais de tanto otimismo entre os que defendem a diversidade. O aumento da participação feminina no alto comando das grandes companhias perdeu força. Nos últimos 12 meses até junho, a presença de mulheres na diretoria e nos conselhos avançou 1,3% e 3,5%, respectivamente.
Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo terceiro ano consecutivo pelo Estadão, na primeira iniciativa do País em que é possível conhecer a situação, por empresa, da presença feminina em cargos de liderança. A pesquisa aponta também que as mulheres ocupam atualmente 20,7% das cadeiras de conselho e 16% das diretorias das companhias do Ibovespa. No ano passado, eram 20% e 15,8%.
Ainda pelos dados, o número de mulheres nos mais altos degraus da hierarquia empresarial do País caiu nos últimos 12 meses. Atualmente, são quatro as mulheres que ocupam o cargo de CEO e três as que lideram conselhos de administração de companhias do Ibovespa. Se forem somadas as sete mulheres nessas posições, elas chegam a 4,3% do total. Em maio de 2023, eram três CEOs e cinco presidentes de conselho, somando oito mulheres, ou 4,9%.

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